Notícias do Espaço Novembro-Dezembro 2016
CRÓNICAS ESPACIAIS visíveis nas imagens do Hubble. A maior parte das estrelas na nossa galáxia Via Láctea são membros de sistemas binários. Mas os detalhes de como estes jatos se produziram permanece um mistério. “Queremos identificar o processo que causa estas transformações impressionantes de uma gigante vermelha inchada a uma nébula planetária brilhante e linda,” acrescentou Sahai. “Estas mudanças dramáticas ocorrem ao longo de 200 a 1000 anos, o que é um piscar de olhos em tempo cósmico.” A equipa de Sahai usou o Space Tele- scope Imaging Spectrograph (STIS) do Hubble para conduzir observações da V Hydrae e da sua região circundante ao longo de um período de 11 anos, primeiro de 2002 a 2004, e depois de 2011 a 2013. A espetroscopia desco- difica a luz de um objeto, revelando informação acerca da sua velocida- de, temperatura, localização e movi- mento. Os dados mostraram uma quantidade de bolhas superquentes monstruosas, cada uma com uma temperatura de mais de 17000 graus Fahrenheit – quase duas vezes mais quente que a superfície do Sol. Os investigadores compilaram um mapa detalhado da localização das bolhas, permitindo traçar os primeiros aglomerados gigantescos a 1986. “As observações mostram as bolhas a mover-se ao longo do tempo,” disse Sahai. “Os dados do STIS mostram bolhas que acabaram de ser ejetadas, bolhas que se moveram um pouco mais para longe, e bolhas que se en- contram ainda mais distantes.” O STIS detetou as estruturas gigantes a uma distância máxima de 37 mil milhões de milhas da V Hydrae, mais de oito vezes mais longe que a Cintura de Kuiper de restos gelados no limite do nosso si- stema se encontra do Sol. As bolhas expandem e arrefecem há medida que se distanciam, e são depois inde- tetáveis em luz visível. Mas as observa- ções feitas em comprimentos de onda submilimétricos mais longos em 2004, pelo Submillimeter Array no Havai, re- velaram estruturas intrincadas e inde- finidas que podem ser bolhas lançadas há 400 anos, disseram os investigado- res. Com base nas observações, Sahai e os seus colegas Mark Morris da Uni- versity of California, Los Angeles, e Sa- mantha Scibelli da State University of New York em Stony Brook desenvol- veram um modelo de uma estrela companheira com um disco de acre- ção para explicar o processo de ejeção. “Este modelo dá a melhor explicação porque sabemos que os motores que produzem jatos são discos de acre- ção,” explicou Sahai. “Vermelhas gi- gantes não têm discos de acreção, mas muitas provavelmente têm es- trelas companheiras, que presumivel- mente têm massas menores porque evoluem mais lentamente. O modelo que propomos pode ajudar a explicar a presença de nébulas planetárias bi- polares, a presença de estruturas in- trincadas parecidas com jatos emmui- tos destes objetos, e até mesmo né- bulas planetárias multipolares. Pen- samos que este modelo tem uma apli- cabilidade muito larga.” Uma surpresa da observação do STIS foi que o disco não dispara os aglo- merados monstruosos na mesma di- reção a cada 8,5 anos. A direção passa ligeiramente de lado-para-lado para de trás-para-frente devido a uma pos- sível oscilação no disco de acreção. “Esta descoberta foi surpreendente, mas tambémmuito agradável porque ajudou a explicar outras coisas miste- riosas que foram observadas acerca desta estrela por outros,” disse Sahai. Os astrónomos notaram que a V Hy- drae é obscurecida a cada 17 anos, co- mo se algo bloqueasse a sua luz. Sahai e os seus colegas sugerem que, devido à oscilação de trás-para-frente da direção do jato, as bolhas alter- nam entre passar por trás e pela frente da V Hydrae. Quando a bolha passa à frente da V Hydrae, tapa a gi- gante vermelha da vista. “Este motor disco de acreção é muito estável porque foi capaz de lançar estas estruturas durante centenas de anos sem se romper,” acrescentou Sahai. “Em muitos destes sistemas, a atração gravitacional pode fazer com que a companheira espirale para o núcleo da estrela vermelha gigante. Eventualmente, contudo, a órbita da companheira da V Hydrae irá conti- nuar a decair porque está a perder energia nesta interação com fricção. Contudo, não sabemos o destino úl- timo desta companheira.” A equipa espera usar o Hubble para conduzir mais observações do sis- tema V Hydrae, incluindo a bolha mais recentemente ejetada em 2011. Os astrónomos também planeiam usar o Atacama Large Millimeter/sub- millimeter Array (ALMA) no Chile para estudar bolhas lançadas ao longo das últimas centenas de anos que estão agora demasiado frias para serem detetadas pelo Hubble. n
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