Notícias do Espaço julho-agosto 2018

22 JULHO-AGOSTO 2018 CRÓNICAS ESPACIAIS Ladrão estelar é o comp uma supernova por NASA/ESA D ezassete anos atrás, astróno- mos testemunharam uma su- pernova a explodir a 40 mi- lhões de anos-luz de distância na ga- láxia chamada NGC 7424, localizada na constelação sul Grus, o Crânio. Agora, no brilho desvanecido proce- dente dessa explosão, o Hubble da NASA capturou a primeira imagem de uma companheira sobrevivente de uma supernova. Esta imagem é a prova mais convincente de que algu- mas supernovas originam sistemas estelares duplos. “Sabemos que a maioria das estrelas massivas se encontram em pares bi- nários,” disse Stuart Ryder da Aus- tralian Astronomical Observatory (AAO) em Sidnei, Austrália, e autor líder do estudo. “Muitos destes pa- res binários irão interagir e transferir gás de uma estrela para a outra quan- do as suas órbitas as põem mais jun- tas.” A companheira da estrela pro- genitora da supernova não foi um espetador inocente da explosão. Desviou quase todo o hidrogénio do envelope estelar da estrela conde- nada, a região que transporta ener- gia do núcleo da estrela para a sua atmosfera. Milhões de anos antes da estrela primária se ter tornado su- pernova, o roubo da companheira criou uma instabilidade na estrela primária, fazendo com que episodi- camente explodisse um casulo e ca- rapaças de gás hidrogénio antes da catástrofe. A supernova, chamada SN 2001ig, é categorizada como uma supernova despida de envelope do Tipo IIb. Este tipo de supernova é in- vulgar porque a maior parte, mas não tudo, do hidrogénio vai-se em- bora antes da explosão. Este tipo de estrela em explosão foi primeira- mente identificado em 1987 pelo membro de equopa Alex Filippenko da University of California, Berkeley. Como supernovas despidas de enve- lope perdem esse envelope exterior não é totalmente claro. Pensava-se originalmente virem de estrelas sin- gulares com ventos muito rápidos que empurravam os envelopes exte- riores. O problema foi que quando os astrónomos começaram a procu- rar estrelas primárias das quais su- pernovas se desencadearam, não conseguiram encontra-las para mui- tas supernovas despidas de enve- lope. “Isso foi especialmente bizarro, porque os astrónomos esperavam que seriam as estrelas progenitoras mais massivas e brilhantes,” explicou o membro de equipa Ori Fox do Space Telescope Science Institute em Baltimore. “Para além disso, o pró- prio número de supernovas despidas de envelope é maior do que pre- visto.” Esse facto levou os cientistas a teorizar que muitas das estrelas pri- márias se encontravam em sistemas binários de baixa massa, e compro- meteram-se em prova-lo. Procurando por um companheiro bi- nário após uma explosão supernova não é uma tarefa fácil. Primeiro, tem de ser a uma distância relativamente próxima da Terra para o Hubble ver uma estrela desvanecida. A SN 2001ig e a sua companheira estão nesse limite. Nesse intervalo de distância, não explodem muitas su- pernovas. Ainda mais importante, as- trónomos têm de saber a posição exata através de medições muito precisas. Em 2002, pouco depois da SN 2001ig ter explodido, cientistas

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