Notícias do Espaço Julho-Agosto 2016

CRÓNICAS ESPACIAIS tory, Holanda) para investigar a quí- mica do disco protoplanetário de TW Hydrae. As observações do ALMA re- velaram a impressão digital de álcool metilo gasoso ou metanol (CH 3 OH), num disco protoplanetário pela pri- meira vez. O metanol, um derivado do metano, é uma das maiores mo- léculas complexas orgânicas deteta- das em discos até à data. Identificar a sua presença em objetos pré-plane- tários representa um marco no en- tendimento de como as moléculas orgânicas são incorporadas em pla- netas nascentes. Para além disso, o metanol é por si só um bloco con- strutor de espécies mais complexas de importância pré-biótica funda- mental, como componentes aminoá- cidos. Como resultado, o metanol de- sempenha um papel vital na criação da química orgânica rica neces- sária à vida. Catherine Walsh, autora líder do estudo, explica: “Encontrar metanol num disco protopla- netário mostra a capacidade única do ALMA em sondar o reservatório gelado orgânico complexo em discos e, assim, pela primeira vez, permitir-nos olhar para trás no tempo pa- ra a origem de complexidade química num berço planetário à volta de uma estrela jovem parecida com o Sol.” Metanol gasoso num disco protoplanetário tem uma im- portância única em astroquí- mica. Enquanto outras espécies detetadas no espaço se forma- ram por química de fase ga- sosa apenas, ou por uma com- binação de gás e geração de fases sólidas, o metanol é um componente orgânico complexo que se forma apenas na fase gelada atra- vés de reações superficiais com grãos de poeira. A visão aguçada do ALMA permitiu também aos astrónomos mapear o metanol gasoso ao longo do disco TW Hydrae. Descobriram um padrão em forma de anel adicionalmente a emissão significativa de perto da estrela central. Um anel de metanol entre 30 e 100 unidades astronómicas (ua) reproduz o padrão dos dados observados do metanol pelo ALMA. A estrutura identificada defende a hipótese de que a protuberância do reservatório gelado do disco contém principalmente os maiores (até ta- manhos milimétricos) grãos de po- eira, residindo nas 50 ua interiores, que se desassociaram do gás, e se espalharam radialmente para dentro em direção à estrela. A observação de metanol na fase gasosa, combi- nada com informação acerca da sua distribuição, implica que o metanol se formou nos grãos gelados do dis- E ste vídeo de uma impressão artística mos- tra a molécula metanol, ou álcool metilo (CH 3 OH). Este composto orgânico foi encon- trado pelo ALMA no disco protoplanetário mais próximo conhecido, à volta da estrela TW Hydrae. Esta é a primeira deteção do com- ponente num disco jovem formador de plane- tas. A sua deteção ajuda os astrónomos a perceber os processos químicos que ocorrem durante a formação de sistemas planetários e que ultimamente levam à criação dos ingre- dientes para a vida. [ESO/M. Kornmesser] co, e foi subsequentemente liberta- do em forma gasosa. Esta primeira observação ajuda a clarificar o puz- zle da transição gelo-gás do meta- nol, e mais geralmente os processos químicos em ambientes astrofísicos. Ryan A. Loomis, um coautor do es- tudo, acrescenta: “O metanol em forma gasosa no disco é um indica- dor inequívoco de processos quími- cos orgânicos ricos numa fase jovem de formação de estrelas e planetas. Este resultado tem um impacto no nosso conhecimento de como a ma- téria orgânica se acumula em siste- mas planetários muito jovens.” Esta primeira deteção bem-sucedida de metanol frio em fase gasosa num disco protoplanetário significa que a produção de química gelada pode agora ser explorada em discos, pavi- mentando o caminho para estudos futuros de química complexa orgâ- nica em locais de nascimento de planetas. Na caça por exoplanetas sustentadores de vida, os astróno- mos agora têm acesso a esta nova ferramenta poderosa. n

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