Notícias do Espaço maio-junho 2018

44 MAIO-JUNHO 2018 ASTROBIOLOGIA Ito et al., 2017). Isto por outro lado está a levar a uma expansão das zonas mínimas de oxigénio, maior deficiência oceânica, e a criação das chamadas ‘zonas-mortas’ (Breit- burg et al., 2018)” . Schmidt e Frank também chegaram ao pon- to de sugerir uma camada geológica que tem características muito semelhantes às que as do Antropoceno deixarão, e que cor- responde à transição Paleoceno/Eoceno, há 56 milhões de anos. Obviamente, mais veri- ficações serão necessárias para excluir qual- quer processo natural. Resumindo, se no nosso planeta existem tra- ços de uma civilização industrial anterior, esses traços são indiretos e devem ser pro- curados na forma de alterações de ecossis- temas nas camadas sedimentares de épocas não mais distantes que há 400 milhões de anos e provavelmente muito mais próximas de nós. Contudo, os dois investigadores tam- bém notam que vários fenómenos naturais podem ter mitigado esses traços, e que até mesmo alguns eventos naturais podem imitá-los. Para além disso, não é possível prever a grossura dos sedimentos onde os marcadores se escondem, um valor que po- de variar tanto devido à velocidade com que os sedimentos se instalam, como com a du- ração do período de desfiguração do ecos- sistema. Neste aspeto, concluímos com uma consideração in- teressante de Schmidt e Frank: “Existe um para- doxo interessan- te em considerar a pegada Antro- pogénica numa escala de tempo geológica. Quan- to mais tempo dura a civilização humana, maior será o sinal que se poderia es- perar no registo. Contudo, quanto mais uma civilização dura, mais sustentável teriam de se ter tornado as suas práticas para sobreviverem. Quanto mais sustentável uma sociedade (e.g. em geração de energia, fabrico ou agricultura), mais pequena a pe- gada no resto do planeta. Mas quanto mais pequena a pegada, menos de um sinal será embebido no registo geológico. Assim, a pe- gada da civilização pode ser auto-limitante numa escala de tempo relativamente curta.” Em resumo, se existiu uma civilização evo- luída antes da nossa, mas mais ciente da nossa, pode ter deixado traços tão leves que são impercetíveis. ! O s autores da Hipótese Si- luriana: Gavin Schmidt, NASA GISS (acima) e Adam Frank, Uni- versity of Ro- chester.

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