Notícias do Espaço Maio-Junho 2016

CRÓNICAS ESPACIAIS E sta ilustração mostra um cronograma do Universo, a prolongar-se desde o dia presente (esquerda) até ao Big Bang, há 13,8 mil- hares de milhões de anos (direita). A galáxia recentemente descoberta GN-z11 é a galáxia mais distante descoberta até agora, com um desvio para o vermelho de 11.1, o que corresponde a 400 milhões de anos após o Big Bang. A posição do objeto com o re- corde anterior está também identificada. A sua posição remota põe a GN-z11 no início da era da reionização. Neste período a luz estelar das primeiras galáxias começou a aquecer e levantar o nevoeiro de gás hidrogénio frio que enchia o Universo. A galáxia que possuía o recorde anterior foi vista no meio desta época, cerca de 150 milhões de anos depois. [NASA, ESA, e A. Feild (STScI)] esperámos alcançar com o Hubble. Fomos capazes de olhar para trás no tempo para medir a distância a uma galáxia quando o Universo tinha apenas três porcento da sua idade presente,” diz Pascal Oesch da Yale University e autor líder do estudo. Para determinar grandes distâncias, como a da GN-z11, os astrónomos medem o desvio para o vermelho do objeto observado. Este fenómeno é um resultado da expansão do Uni- verso; todos os objetos distantes no Universo aparentam estar a afastar- se de nós e como consequência a sua luz é estendida para compri- mentos de onda mais longos e aver- melhados. Antes dos astrónomos terem deter- minado a distância à GN-z11, a galá- xia mais distante medida, EGSY8p7, tinha um desvio para o vermelho de 8,68. Agora, a equipa confirmou que a distância da GN-z11 tinha um des- vio para o vermelho de 11,1, o que corresponde a 400 milhões de anos após o Big Bang. “A que tinha o re- corde anterior foi vista a meio da época quando a luz estelar das galá- xias primordiais começou a aquecer e a levantar um nevoeiro de gás hidrogénio frio,” explica o coautor Rychard Bouwens da University of Leiden, na Holanda. “Este período transitório é conhecido como a era de reionização. A GN-z11 é obser- vada 150 milhões de anos antes, perto do início desta transição na evolução do Universo.” A combina- ção de observações feitas peço Hub- ble e o Spitzer revelaram que a galáxia criança é 25 vezes mais pe- quena que a Via Láctea e tem apenas um porcento da massa em estrelas da nossa galáxia. Contudo, o número de estrelas na renascida GN-z11 está a crescer rapidamente. A galáxia está a formar estrelas a um ritmo de cerca de 20 vezes maior que o ritmo que a Via Láctea tem hoje (cerca de 24 massas solares de gás e poeira por ano para novas estrelas). Este alto ritmo de formação de estrelas faz da galáxia remota brilhante o sufi- ciente para o Hubble ver e realizar observações detalhadas. Contudo, a descoberta também levanta muitas questões dado que a existência de uma galáxia tão grande e brilhante não é prevista teoricamente. “É fan- tástico que uma galáxia tão massi- va tenha existido apenas 200 milhões a 300 milhões de anos após as pri- meiras estrelas se terem começado a formar. Era necessário um aumento mesmo rápido, produzindo estrelas a um ritmo gigante, para ter for- mado uma galáxia que é mil milhões de massas solares tão cedo,” explica Garth Illingworth da University of California, Santa Cruz. Marijn Franx, um membro da equipa da Universi- ty of Leiden, salienta: “A descoberta da GN-z11 mostrou-nos que o nosso conhecimento acerca do Universo primitivo é ainda muito restrito. Co- mo a GN-z11 foi criada permanece ummistério por agora. Provavelmen- te estamos a ver as primeiras gera- ções de estrelas a formar-se à volta de buracos negros!” Estas descobertas providenciam uma previsão tentadora das observações que o James Webb Space Telescope irá fazer. “Esta nova descoberta mos- tra que o JWST irá certamente en- contrar muitas galáxias igualmente jovens chegando aos momentos em que as primeiras galáxias se estavam a formar,” conclui Illingsworth. n

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